Burnout uma nova problemática.

Todos os estudantes já alguma vez se sentiu esgotado mentalmente em um período largo de provas e de estudo constante devido a grandes demandas que o sistema educacional tem nos apresentados durante a universidade. Principalmente em final de semestre onde te falta tempo para poder se quer estudar tudo e estar preparado para as provas.

O ano de 2020 que foi um ano de adaptações, mudanças e perdas, tem visto aumento da presença de alunos com sintomas característicos.

Esse termo burnout tem sido estudado e tem se mostrado com maior frequência em estudantes de medicina, residentes e médicos já formados 

Um estudo na Cambridge feito sobre o tema com estudantes antes da residência tem mostrado que os “estudantes de medicina de 1 a cada 2 estão sofrendo de burnout inclusive antes da residência.”

O tema foi primeiramente mencionado em: Herbert Freudenberger’s “Burnout: the High cost of High Achivement” Ele define burnout “a extinção de motivação ou incentivo especialmente a aqueles que devotam a uma causa ou um relacionamento que falha em produzir resultados.”

Relembrando: o burnout pode acontecer com qualquer pessoa independente do ramo de trabalho e curso universitário. Porém o artigo está sendo focado para estudantes de medicina e residentes médicos.

Afinal o que é o burnout?

Burnout é um estado emocional, físico e mental de completa exaustão causada por uma quantidade excessiva e prolongada de estresse. “Isso ocorre quando o indivíduo se sente emocionalmente esgotado, e incapacitado para manter as constantes demandas do dia a dia”

Pode ser gerado por um estresse crônico devido por um trabalho/estudo de várias horas com uma grande carga de conteúdo para estudar ou muitos problemas a resolver em pouco tempo.

Além disso pode estar acompanhado de falta de claridade de objetivos, falta de tempo para poder estudar para uma prova e entre outros estressores que podem ser financeiros, familiares, culturais e etc.

Lembrando que o burnout não e causado por ter somente estres, porém a soma de estressores a onde o indivíduo possui já um estresse crônico de um tempo, e esses estressores podem ser variados, podem ser relacionados a vida pessoal, como acadêmica. Por isso a importância de olhar com clareza o assunto. 

Como resultado, podemos ver a importância o tema.

Desta maneira quanto mais prolongado o estresse, o indivíduo começa a perder o interesse para realizar tarefas diárias e começa a apresentar os seguintes sentimentos...

• Desmotivação.
• Odeia o que faz e não possui realização pessoal ao cumprir uma tarefa.
• Lazeres que tinha o costume de fazer. Exemplo gosto por ler livros (de forma casual) começa a perder o gosto.
• Tem se isolado socialmente de família e amigos.
• Certa comida favorita começa a perder o sabor e a satisfação.

Como uma pessoa com burnout se sente?

Uma pessoa que apresenta burnout tem perda no desempenho de seu trabalho/estudo, assim tendo menos produtividade, menos energia, devido a não conseguir progredir com os objetivos.

Pode estar também se sentindo completamente pressionado, inútil, devido a não poder progredir com os resultados e resultando em desistir de qualquer coisa que esteja fazendo devido a completa exaustão.

Como identificar o burnout em sintomas?

– Sintomas fisicos: Dor de cabeça, dor e problemas intestinais e estomacais, diminuição da ação imunitária tendo a possibilidade de apresentar doenças frequentes. (alergias, irritações de pele, gripes constantes, infecções virais/bacterianas.)

- Sintomas emocionais: Cansado o tempo todo, falta de energia, sentimento de drenado. Dúvida se serve para o que está fazendo ou se consegue cumprir objetivos, sentimento de fracasso, incapacitado, sentimento de derrotado, solidão, e pessimismo frente a resultados e desafios.

- Mudança de hábitos: Isolamento social, aumento de procrastinação (busca meios de escapar do que tem que fazer e prolonga o tempo de estudo), pode apresentar desordem alimentar (convulsividade por comer ou o inverso como perda de fome), tendência a querer utilizar substâncias químicas como drogas e álcool como um escape do estresse.

– Performance reduzida: Produtividade afetada, por exemplo um estudante que precisa entregar trabalhos ou manter a constância no estudo apresenta dificuldades para poder se concentrar na tarefa tendo desvios de atenção e permitindo que prolongue muito mais o tempo de realização da tarefa. Pode apresentar pensamentos negativos sobre o estudo que esteja realizando podendo ter uma perda da autoestima se sentindo incapacitado ao realizar a tarefa.

Como dei importância ao tema?

Depois de terminar meu 4º semestre ou indo para o terceiro ano, tive presenciado sintomas do tipo: exaustão completa, perdido o interesse muitas vezes em o que estou fazendo no momento.

Tinha muito o que entregar em pouco tempo, além disso, não estava fazendo todas as matérias devido a ter já adiantado algumas previamente, porém muitos companheiros de classe estavam fazendo o ano completo, e infelizmente a frase “simplesmente estude” já tinha deixado seu efeito por falta de tempo.

Foi dai que tive que rever alguns conceitos, e começar a praticar hábitos que beneficiava minha saúde e podia manter meu equilíbrio, tanto físico como mental.
Reconhecendo alertas dados pelo meu corpo, pude ao longo do ano começar a buscar meios em que eu pudesse cuidar da minha mente e físico pois sabia que se não tivesse dado importância aos sinais que meu organismo estava apresentando eu poderia ter apresentado desequilíbrio.

Eu tive que saber reconhecer meus limites como ser humano, saber que não posso estar somente estudando e esquecer que preciso viver, que preciso me cuidar, me alimentar corretamente, dormir de maneira correta.
Isso é o que todos dizem que devemos fazer, porem isso e uma realidade presente em minha rotina.

2 princípios a dar importância.

Eu tenho dado atenção a estes 2 princípios a onde busco tratar de cuidar o máximo possível para poder ter um equilíbrio no dia a dia.

Princípio saúde física

Existem múltiplos artigos na internet mostrando a importância de fazer exercícios físicos, porém na prática isso vai muito mais além do que prevenir somente doenças cardiovasculares a longo tempo.

Eu fiz um teste pessoal e vi que se eu não faço exercícios físicos eu posso ter problemas para dormir como insônia, assim acumulando cortisol (hormônio do estresse), fazendo que eu fique mais tempo rodando na cama. Terminou resultando em que no próximo dia acordava exausto e ineficiente.

Além disso o exercício físico nos ajuda a clarear nossos pensamentos, pois deixamos de lado um pouco nossos problemas diários para nos concentrar em uma atividade beneficiosa.

O exercício físico nos ajuda a melhorar nossa saúde mental e o nosso humor. Ajuda a liberar químicos que ajudam a relaxar nosso corpo, para que possamos lidar com o estresse. Assim também reduzindo risco de desenvolver depressão.

Também ajuda a manter nosso pensamento, nosso aprendizado liberando proteínas e químicos que permite melhorar a estrutura de funcionamento de nossos neurônios.

O exercício físico pode ser variado, pode ser desde puxar pesos na academia, correr, jogar basquete, futebol, porém é necessário que façamos uma constância, com uma frequência, e sempre progressivamente aumentando a intensidade.

Principio da saúde emocional.

Princípio da saúde emocional: Este princípio é importante pois engloba algumas questões pessoais que podem variar de pessoa para pessoa mas o conceito é o mesmo.

Este pilar tem a importância de cuidar de nossas emoções frente as questões da vida. Por isso em momentos de estudo intenso é importante poder separar um tempo para si, só para poder escapar um pouco do dia a dia, de maneira equilibrada.

De que formas se pode fazer isso? Oras se pode fazer múltiplas coisas por exemplo:

Moods Post-It Note Meaning Emotions and Feelings

• Se não for com pessoas, separe um tempo para si.
• Leia um livro novo
• Veja um jogo esportivo ou jogue um pouco de videogame.
• Trate de fazer um curso novo onde não demande tanto de seu tempo.
• Aprenda algo novo (tocar instrumento, origami e etc).
• Separar um tempo para estar com amigos seja em uma saída para poder comer algo na casa de alguém (cuidando de que ainda estamos em pandemia)
• Estar com família e com quem amamamos seja, namorado(a), marido ou esposa.

Poder separar um tempo para essas categorias nos criam emoções e que podem ser beneficiosas para nossa pessoa, podendo evitar a formação de um estresse crônico e ocasionar futuramente um burnout.

Este pilar também é importante ver que as emoções na vida vão estar conosco, porem muitas vezes as emoções podem nos prejudicar em momentos que precisamos de concentração.

Por exemplo antes de um exame, temos a tendência de estarmos extremamente nervosos ou ansiosos com a prova, pensando e milhões de coisas. Se sabe que muito disso é atrelado a emoções, muitas vezes por medo do resultado negativo.

Eu pessoalmente trato de usar o tempo que tenho para poder ser produtivo e poder estudar o que estou fazendo, trato de racionalizar as coisas por si como são, muitas vezes provas e bancas de exames não temos controle do que se vai perguntar, de como vai perguntar, se vai ser justo ou não. Muitas vezes queremos ter controle de tudo o que vai acontecer e por isso nos dá medo pois não sabemos o futuro nos resultando em nervosos e ansiosos.

Eu pessoalmente vejo muito as coisas pela lógica para poder policiar minhas emoções. Trato de ver as coisas do que posso fazer no presente momento.

Por exemplo uma prova eu não tenho controle de como serei avaliado, porém tenho controle do que eu estou fazendo no momento e o que farei para me preparar para o exame.

Sendo assim trato de fazer tudo o que posso. Depois disso posso ficar tranquilo e ir para uma prova fazer tranquilo pois sei que fiz tudo o que eu tinha de capacidade para estudar e me preparar.

Assim sendo entender que temos limites, que somos humanos e não somos perfeitos nos permite a policiar melhor nossas emoções e não nos sobrecarregarmos de forma agressiva, pois isso nos pode gerar burnout, de forma constante e por um tempo prolongado.

O Burnout, tem alguma prevenção? E se eu já estou com sintomas o que fazer?

A boa notícia sim existe prevenção e existe como tratar.

Em caso de já estar sentindo sintomas de burnout é importante com que primeiramente busque ajuda.

Claro falar não é fácil, na prática muitas vezes os alunos ou pessoas acham que ninguém vai entender pois cada pessoa é diferente, de forma própria. Porém, sim é importante que se possa buscar ajuda, seja com psicólogos seja com verdadeiros amigos, pessoas que você confie e não te julgue e que esteja disposto a te escutar.

E se você reconhece alguém com burnout, o mais importante que você pode fazer é separar um momento para escutar, em caso de não souber o que dizer, apenas escute, pois saiba que isso ajuda muito.

Alguns passos:

1- reconhecer.

2- buscar ajuda.

3- Não se culpar

4- Reconhecer seus limites

5- Fazer observação em alguns pontos e preparar mudanças, vou listar alguns exemplos:

Ambiente: trate de mudar o ambiente, ver novos lugares para poder estudar, estar com pessoas certas em momentos certos.

Eu pessoalmente prefiro estudar sozinho pois sei que estarei mais confortável para poder pensar e concentrar. O ambiente influencia de forma significativa como um possível estressor, seja convivência com outras pessoas ou estressores externos que tem na casa ou no quarto em que vive.

Hábitos: Hábitos: Reconhecer que hábitos tem sido beneficiosos para a própria pessoa, e poder planejar e colocar objetivos para mudanças de hábitos.

Por exemplo dormir no mínimo 8 horas por noite. Tratar de planejar e aplicar com o tempo esse objetivo.

Como você vê seu estudo, ou sua carreira?

Ver como você considera sua carreira, e ver alguns pontos como:

• é um fardo estudar?

• se você odeia estudar?

• odeia o que faz?

• é exaustivo para você?

Trate de fazer o teste de se perguntar “o que você está fazendo hoje você poderia fazer por 5 anos?” se sim, estaria feliz? Se sentiria realizado?
Em caso de que as respostas sejam negativas, trate de repensar se o que você está fazendo realmente é significativo para si como pessoa, se te faz feliz, pois quanto mais a carreira passa, mais desafiadora esta se torna, por isso e importante poder determinar como você vê sua carreira. Se ao longo tempo te trará satisfação em seu trabalho.

Quais são suas prioridades?

A partir de agora você precisa determinar quais são as prioridades que você precisa ter sim ou sim para poder ter um bom rendimento acadêmico.

Colocar como prioridade uma alimentação regulada, com frutas, grãos e vegetais, que seja realmente nutritivo, e que te possa nutrir de energia para poder estudar/trabalhar por largas horas. Fazer exercício, para que você possa liberar o estresse.

Definir uma boa quantidade de horas de sono para poder guardar o estudado e acordar no dia seguinte recarregado.

Já ouviu falar que seu superpoder da memória é dormir? Sim! Porém durma em horários corretos.

Trate de não dormir tarde, e não acordar muito tarde, pois por mais que você durma mais, isso também pode afetar seu físico e sua rotina. Recomendo não dormir depois das 23 e poder acordar entre 6-8 da manha, pois você terá mais tempo diurno para poder estudar e fazer as coisas que precise.

Nosso corpo biologicamente de forma natural entende que quando fica de noite precisamos descansar, isso para mim pessoalmente funciona de esta maneira.

Relembrando novamente que para cada pessoa funciona de forma diferente.

estou escrevendo na base de experiências que eu vivenciei e do que eu tenho aprendido e buscado. Sabendo disso sei que tenho muito o que aprender ainda.

– kelvin

References:

• Reference: https://www.cambridge.org/core/journals/european-psychiatry/article/burnout-in-medical-students-before-residency-a-systematic-review-and-metaanalysis/C045479C745FF322C8F022BF636A379A
• https://www.verywellmind.com/stress-and-burnout-symptoms-and-causes-3144516
• https://www.ama-assn.org/residents-students/resident-student-health/8-ways-cut-medical-student-burnout
• https://medlineplus.gov/benefitsofexercise.html
• https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases